Extraordinário

by - janeiro 22, 2018


Estou relendo o livro Extraordinário e a única coisa que eu consigo pensar é: "Ainda bem que eu não tenho 12 anos, naquela época eu iria ficar deprimida pensando que até o August tem mais amigos do que eu, ele tem dois. Mas é porque o August é legal, conversa sobre assuntos interessantes, é amoroso com as pessoas mesmo com aquelas que lhe fazem mal e tem uma família legal também".

Eu sou o oposto do August. Eu não tenho amigos, no colégio quando se aproximavam era basicamente por três motivos: trabalhos escolares, debochar e pena. Geralmente esse debochar atraia alguém com pena. Mas eu não costumava ficar quieta, não era daquelas que se encolhe em um canto, eu partia para cima mesmo sem entender direito o que estava acontecendo.  Ficava triste por não entender porque as pessoas não gostavam de mim. Eu era suja? Eu era feia? Meu rosto era uma bola gigante? Eu tinha muitos pelos na pernas e nos braços? Eu era gorda? Eu era má? Eu era burra?

A resposta é, sim. Eu era tudo isso e talvez, outras coisas que eu não saiba. Na vida a gente quase nunca escolhe nada, às coisas são como são, igual um pacote de TV por assinatura, você só se interessa por um ou dois canais, mas vem centenas de canais que você nunca irá assistir e ficará nervoso cada vez que passar por eles.

Eu não sei quem é o sol nesse pequeno universo que me cerca, não consigo entender quase nada sobre relacionamentos e sobre porque as pessoas fazem o que fazem. Tenho me sentido extremamente depressiva nos últimos tempos e isso com certeza se apresentará na minha escrita de hoje, mas eu sou depressiva desde os seis anos e tenho pensamentos suicidas desde essa idade, no entanto nunca tentei nada, por preguiça talvez, costumo me enganar dizendo que é culpa do meu lado positivo e espiritual, é mais bonito pensar assim e as pessoas gostam quando eu falo isso.

Minha personalidade é essa, persistente até o ultimo milésimo de segundo. Alguns chamam isso de ser forte, outros de teimosia, outros de determinação, eu acho que é falta de coragem.

Eu gosto de ler livros de não ficção, mas livros como Extraordinário também são legais, porque falam bastante sobre comportamento. Por mais que você me ache velha e que eu já deveria saber muitas coisas, eu não sei e as esqueço também. Por exemplo se uma pessoa vai na minha casa eu preciso apresentá-la aos outros para "quebrar o gelo", só agora que eu prestei atenção nisso. Ás vezes, eu preciso de algo bem exagerado e caricato para entender essas questões, se não, passa batido.

Tem gente que fala que eu preciso de autonomia. Eu concordo, porque é algo primordial para um autista e para o August também, eles ficam o tempo todo trabalhando a autonomia dele. Mas o caso é que eu não faço a menor ideia de como fazer isso, eu não sei o que a gente deve pensar e sentir para querer ter autonomia. A única coisa que eu sinto, é tristeza, quase o tempo inteiro. E acho que com tristeza a gente não consegue ir muito longe, porque não dá vontade de fazer muitas coisas.

O caso é, que tenho muitas experiências ruins para me basear. Eu até pensei em escrever um livro, eu disse: "se eu receber o diagnóstico confirmando o Asperger, então tudo vai ficar mais claro para mim, vou ter as respostas e posso melhorar muito estudando os padrões, irei finalmente me perdoar. E um livro é uma maneira bem legal de se pedir perdão e talvez, se amar."

E também eu já percebi que as pessoas gostam da gente por aquilo que a gente escreve. Uma vaidade, você deve estar pensando?  É o que dizem das pessoas que usam suas experiências para escrever, é o que dizem dos que tem o hábito de fazer auto-retratos, mas, eu acho que é só um jeito de sobreviver ao caos, ao medo, às carências, acredito que tem mais de generosidade do que vaidade neste ato.

O caso é que escrever um livro é uma exposição, algumas pessoas ficam preocupadas, não que um livro meu fará algum tipo de sucesso, mas contará uma história, a minha história. E talvez, não seja mesmo uma boa história.

A história do August é muito boa, repleta de amor, carinho, atenção e força de vontade. Me lembra Marcas do Destino (1985), aquele filme com a Cher e um dos meus  prediletos na infância, o Rock personagem principal também sofria da mesma síndrome que o August. São pessoas doces e de coração bom, não se enquadram nesse mundo, mas tem uma bela história de superação para contar.

Preceitos:

  • Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil. - Dr. Wayne W. Dyer
  • Seus feitos são seus monumentos. - Inscrição em uma tumba egípcia.
  • Não tenha amigos que não estejam à sua altura. - Confúcio.
  • A sorte favorece os bravos. - Virgílio.
  • É melhor saber algumas perguntas do que todas as respostas. - James Thurber 
  • Não basta ser amigável. Você tem que ser amigo. - Reid Kingsley
  • Se você realmente quer algo na sua vida, tem que lutar por isso. Agora, silencio, vão anunciar os números da loteria! - Homer Simpson
  • Começa com a cura, mas termina com a dor. Isso quer dizer que tudo passa. - Eu
  • Tudo o que você precisa é de amor - The Beatles
  • Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo. - Auggie

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2 comentários

  1. Olá o/ acho que anti sociais devem ter uma espécie de saudação antes de cumprimentar um ao outro. Assim como os maçons. mas diferente deles, a nossa saudação seria basicamente para não assustar ou indicar as tendências anti sociais. Bem, ainda estou trabalhando nisso.

    A questão é que eu achei que fosse único por muito tempo. Que o que eu sentia era bobagem e não prestava para coisa alguma. Eu sempre tive uma lei que não importasse a porrada que a sociedade desse, eu sempre ficaria de pé, mas fico triste quando vejo outras pessoas passando pelo mesmo. Estou dizendo tudo isso porque gostei de saber sobre você. Me sinto um pouco menos só é talvez um pouco mais motivado a continuar esse sofrimento que é viver.
    Tambem passo a maior parte do meu tempo triste e a outra maior parte tentando achar uma solução para isso. E aí a vida passa...
    Nunca li nem assisti esse filme, mas agora vou atrás. São essas coisas singelas que nos impulsiona um tanto mais...
    Tem uma animação sobre algo bem parecido com o que a gente passou na infância, só que em outro cenário. Koe no Katachi, espero q goste caso assista e te impulsione um pouco também.

    Espero que escreva seu livro, serei um dos leitores o/ boa sorte.

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    1. Oi Jeff, eu gostei da ideia do cumprimento, ontem eu precisei sair de casa e ao passar pelas pessoas na rua eu lembrava da sua ideia, me fez rir.

      Sobre o Extraordinário, eu li o livro, mas não vi o filme ainda. É um livro infantojuvenil e eu achei bom porque fala sobre comportamento e sobre amizade e são as duas coisas que me deixam bem confusa.

      Eu vou assistir essa animação que você indicou, acho que vou gostar.

      Obrigada por comentar aqui no blog, é bom saber que alguém lê o que eu escrevo e se identifica, porque a minha intenção é essa, acho que ajuda saber que existem outras pessoas no mundo que são parecidos conosco. :)

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