O novo sempre vem
Um ano depois do último post no blog, eu venho aqui escrever um pouco mais sobre como anda a minha vida. Tudo mudou, mudou muito. Eu mudei, acho que cresci um pouco e fiquei um pouco mais madura.
Deixei um pouco de lado o estudo sobre autismo. Trabalhei com educação especial um tempo, pois passei em um concurso na prefeitura aqui da cidade e depois fui sócia de uma empresa. Sai da sociedade porque queria seguir o meu sonho e colocar em prática o meu conhecimento em informática.
Desde os 14 anos eu trabalho com computadores, na verdade foi a informática que me escolheu, porque eu realmente não sabia o que estava fazendo :P Mas sentia que era esse o meu caminho, mesmo que uma vozinha lá dentro, me dizia que eu não era capaz e não iria conseguir.
Desta vez eu resolvi ouvir uma outra voz, aquela que dizia que eu precisa arriscar. Que mudanças, por mais que eu tenha rejeição a elas, são importantes. Sim, elas nos jogam em um vácuo, não sabemos o que irá acontecer depois, perdemos o controle. Mas ao mesmo tempo elas podem nos trazer boas surpresas, como quando a gente nasce.
Montei a minha empresa, a Simplifique Web & Design, ela ainda está iniciando e eu tô completamente sem dinheiro :D. Em fevereiro sofri um acidente com um patinete elétrico, bati a cabeça o que ocasionou perda de memória. Agora que estou me sentindo melhor e com menos dores no meu corpo.
Depois do acidente, eu resolvi colocar todos os meus esforços nessa empresa, fazer com que ela cresça e se torne uma realidade e é nisso que estou empenhada, além de continuar na terapia cognitiva e focar meus esforços para fazer as coisas de verdade, superar os problemas disfunção executiva.
Faço listas de tudo que a psicóloga pede que eu faça, apresento resultados para ela. Nem sempre da certo, para falar a verdade, mas eu luto para entregar, luto para me concentrar no que eu nem tô muito afim de fazer. Me dou de presente o meu hiperfoco, como uma recompensa quando consigo terminar algo.
Tenho muita ansiedade e tento driblar ela o tempo todo, para não atrapalhar mais o meu convívio social, fico quietinha no meu quarto quando esse convívio extrapola o meu limite. Parece simples, mas para um autista nada do que estou escrevendo aqui é simples de verdade.
Então, é isso, espero que todos estejam bem, apesar da loucura que é o mundo no qual vivemos.
"Eu tinha muitos limites e os superei, posso não ter atingido o que provavelmente atingiria se fosse neurotípica, mas ouvi a voz: "Eu sei que posso".
Mas, existem outras vozes que são bem difíceis de ignorar: "Você não é bom", "Você não faz nada certo", "Você é um fracasso", "Isso nunca vai funcionar", "Você não pode fazer isso", "Eles não irão gostar de você de verdade".
Eu sei que muitas crianças ouvem essas vozes, enquanto lutam para crescer e se desenvolver, em busca de um dia ter a sua própria vida. Muitas dão ouvidos as vozes e desistem.
"Eu sei que posso", foi mais forte, porque passei por todas as coisas e continuo aqui respirando e escrevendo este texto." Grazi Pavan Julian em 18 de janeiro de 2019
0 comentários