Passarinha

by - dezembro 18, 2017


Eu não gosto de livros de ficção, a não ser que eu me identifique muito com a história, eles não me prendem a atenção por que minha mente fica questionando a verdade.

Minha imaginação é diferente, eu não consigo ler um livro e imaginar coisas que eu nunca vi, imagino bem os objetos que eu conheço, mas pessoas eu simplesmente não consigo. Eu penso por padrão e por imagens, quando me falam uma palavra automaticamente minha mente busca imagens do que eu já vi, quando me fazem uma pergunta sobre alguma sensação minha mente vai buscar informações das situações semelhantes que eu vivi, para que eu possa responder a verdade.

“Uma vez eu estava com uma amiga, ela fez pipoca com óleo de coco e comentou que sabia que estava comendo pipoca, mas que o cérebro dela processava coco. Então eu quis ver se isso era verdade e comecei a mastigar devagar para sentir o gosto, o barulho e a textura da pipoca me atrapalhavam um pouco. Foi quando ela fez um gesto com a mão (tipo: “toca aqui”) e eu não consegui repetir o gesto, porque minha mente fica voltada só para uma tarefa. Ela não entendeu a minha demora em fazer um gesto tão simples e disse que ela preferia estar com outra pessoa que era mais esperta. Isso me pegou de jeito, porque eu não conseguia explicar, saber o que eu estava sentindo e nem por que eu não era tão esperta.”

O livro Passarinha, é uma das melhores coisas que eu já li, é bom de ler e trás muitas informações e esclarecimentos verdadeiros sobre o pensamento autista.

Ele conta a historia de uma menina aspie que passa por uma série de dificuldades em se relacionar, por pensar de um jeito diferente. O livro fala sobre morte, empatia, amizade e desfechos. Nos ensina como a escola pode ser ambiente legal para o aspie, se ele for aceito, respeitado e como uma boa orientação pode ajudar o aspie a fazer coisas legais que beneficiam todas as pessoas.

A Caitlin, personagem principal do livro, gosta de ficar dentro de um armário no quarto do irmão, minha mente só consegue imaginar o armário que tinha no quarto do meu irmão e tenta encaixar uma criança lá dentro, o que é impossível porque o armário era muito pequeno.

Acho que todas as meninas aspies irão se identificar com a Caitlin e o seu jeito de ver o mundo, preto e branco como diz a autora Kathryn Erskine. Não irão se emocionar como relatam os neurotípicos e nem sentiram a dor da perda, porque isso é muito distante da gente, mas prometo que irão se tornar mais esclarecidas a respeito dos seus próprios sentimentos.

No final a autora escreve: "Se todos compreendêssemos melhor uns aos outros, poderíamos fazer um grande avanço para deter a escalada da violência. Todos desejamos ser ouvidos e compreendidos. Alguns de nós se expressam melhor do que outros. Alguns de nós tem problemas sérios e que precisam ser abordados, não ignorados, custe o que custar."







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