Um abraço passo a passo

by - dezembro 17, 2017



Você já parou para pensar que um gesto simples para você, pode ser algo muito complexo para outra pessoa?

Para mim, abraçar é algo bem complicado, assim como outros gestos de afetividade. O abraço se torna um cálculo complexo na minha mente, preciso medir a força que devo colocar, quantos tapinhas nas costas devo dar e se é preciso fazer isso mesmo, pois percebo que algumas pessoas não fazem. Preciso lembrar de envolver a outra pessoa com os meus braços, porque é isso que chamam de abraço, mas eu me sinto incomodada em fazer isso e penso em quanto tempo vai demorar. (hipersensibilidade)

A Temple Grandin, que tinha autismo grave, inventou a máquina do abraço, ela descobriu observando o gado na fazenda da sua tia, que os animais ficavam relaxados depois de serem prensados por barras de ferro quando iam ser vacinados e a tese dela é que a mente de um autista funciona como a de um animal. Com a máquina a Temple conseguiu evoluir e diminuir a ansiedade, hoje ela é considerada uma autista de grau leve.

Eu já percebi muito claramente que a mente autista é muito parecida com a dos cavalos, eu ouvi uma aula sobre cavalos e tudo o que a palestrante falava lembrava muito as coisas que leio sobre o autismo, me ajudou a entender o meu próprio comportamento também, eu só conseguia pensar: “mas o cavalo tá certo”.

Quando eu vejo na televisão e na vida real pessoas se abraçando, parece ser tão simples. Nos últimos dez anos eu desenvolvi um pouco mais a empatia. E empatia, segundo o dicionário é a capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso você estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Então eu sinto vontade de abraçar também, mas não todo mundo, somente as pessoas que eu confio e tenho empatia.

Eu acredito que a empatia é algo bem grande, como um universo. Eu sinto empatia por pessoas bem próximas, sinto o que elas sentem algumas vezes, mas não tenho empatia por alguém ou alguma situação que é distante de mim.

O que é instintivo para algumas pessoas, não é para outras, isso se chama neurodiversidade. O mundo do autismo é realmente fascinante e dentro dele existem muitas possibilidades, autistas típicos e atípicos, os que gostam de abraçar e os que tem muita sensibilidade e precisam treinar essas emoções.



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