Um abraço passo a passo
Você já parou para pensar que um gesto simples
para você, pode ser algo muito complexo para outra pessoa?
Para mim, abraçar é algo bem complicado, assim
como outros gestos de afetividade. O abraço se torna um cálculo complexo na
minha mente, preciso medir a força que devo colocar, quantos tapinhas nas
costas devo dar e se é preciso fazer isso mesmo, pois percebo que algumas
pessoas não fazem. Preciso lembrar de envolver a outra pessoa com os meus braços,
porque é isso que chamam de abraço, mas eu me sinto incomodada em fazer isso e
penso em quanto tempo vai demorar. (hipersensibilidade)
A Temple Grandin, que tinha autismo grave,
inventou a máquina do abraço, ela descobriu observando o gado na fazenda da sua
tia, que os animais ficavam relaxados depois de serem prensados por barras de
ferro quando iam ser vacinados e a tese dela é que a mente de um autista
funciona como a de um animal. Com a máquina a Temple conseguiu evoluir e
diminuir a ansiedade, hoje ela é considerada uma autista de grau leve.
Eu já percebi muito claramente que a mente
autista é muito parecida com a dos cavalos, eu ouvi uma aula sobre cavalos e
tudo o que a palestrante falava lembrava muito as coisas que leio sobre o
autismo, me ajudou a entender o meu próprio comportamento também, eu só
conseguia pensar: “mas o cavalo tá certo”.
Quando eu vejo na televisão e na vida real
pessoas se abraçando, parece ser tão simples. Nos últimos dez anos eu
desenvolvi um pouco mais a empatia. E empatia,
segundo o dicionário é a capacidade
psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso você estivesse na
mesma situação vivenciada por ela. Então eu sinto vontade de abraçar
também, mas não todo mundo, somente as pessoas que eu confio e tenho empatia.
Eu acredito que a empatia é algo bem grande,
como um universo. Eu sinto empatia por pessoas bem próximas, sinto o que elas
sentem algumas vezes, mas não tenho empatia por alguém ou alguma situação que é
distante de mim.
O que é instintivo para algumas pessoas, não é
para outras, isso se chama neurodiversidade.
O mundo do autismo é realmente fascinante e dentro dele existem muitas
possibilidades, autistas típicos e atípicos, os que gostam de abraçar e os que
tem muita sensibilidade e precisam treinar essas emoções.
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