Não tenho vontade de escrever e meus pensamentos andam bem confusos ultimamente. Me sinto mal a maior parte do tempo, mas não há mais nada que eu possa fazer com relação a isso, acho que já tentei bastante.
Então resolvi escrever sobre um filme que acabei de assistir chamado Como Estrelas na Terra, é um filme indiano de 2007. Ele conta a historia de Ishaan, um menino portador de dislexia. Ishaan vai muito mal na escola porque não consegue ler e escrever, embora seja muito inteligente, tira notas baixas e é rotulado de engraçadinho, sem-vergonha e preguiçoso.
Os pais do Ishann não entendem suas dificuldades e o tratam como uma decepção, só o que passa na cabeça deles é que Ishaan precisa aprender a conviver com as pessoas e ser bem sucedido na escola para garantir um bom futuro. Mas como dizia Renato Russo: o descaso é o que condena.
Ishann é colocado em um colégio interno e sofre ainda mais com o abandono. Mas um professor chamando Ram consegue enxergar o menino inteligente e esperto que ele é, e desenvolve um método que o ajuda a aprender e demonstrar seu talento nas artes.
Chorei muito nesse filme, porque eu entendi o que é empatia e quando alguém gosta de verdade de outra pessoa pode mudar a vida dela para sempre e isso é o que faz a diferença. O Ishaan e o Ram sentiam muita empatia um pelo outro e isso não é errado e nem ruim, eu li que foi por isso que o progresso do Ishaan foi tão bom.
Eu consigo sentir empatia, só que não consigo demonstrar, sinto vergonha e medo. Ás vezes, eu fico pensando muito e então o tempo passa, o que me faz desistir e não pensar mais nisso.
Não tenho dislexia, mas quando era criança tinha muita dificuldade de escrever, demorava muito para escrever com letra cursiva e as letras saiam do papel, isso me distraia e me deixava tonta, não conseguia acabar as tarefas e nem copiar as coisas do quadro, até hoje é assim. E como ele eu também não aguentei o colégio, um dia resolvi não ir para a escola e assim foi durante um mês inteiro, não fui descoberta tão cedo, mas quando aconteceu me enviaram para outro colégio e acho que foi a minha salvação.
Então posso entender as dificuldades do Ishaan e de outras pessoas que são diferentes, eu acho que isso também é ter empatia.
As musicas do filme são muito legais, me diverti muito com elas e as letras são lindas e expressam muito bem o que a gente sente, eu nem consegui ler todas porque sentia muita vontade de chorar.
Apesar de tudo o Ishaan tem sorte, eu gostaria de ter tido pessoas que me ajudassem na vida, mas acho que é assim mesmo que funciona para algumas pessoas, simplesmente elas nunca terão oportunidade por mais que se esforcem. O importante é que as coisas estão mudando para quem ainda está com a vida pela frente.
4 comentários
Aparenta ser um bom filme.
ResponderExcluirRealmente, são dias difíceis. Como você conseguiu lidar com o processo de descoberta do autismo leve, que culminou na identificação e dúvida sobre a possibilidade de pertencer ao espectro, finalizado com a obtenção do diagnóstico? Isso tornou-se uma espécie de obsessão para mim, noto um aumento de ansiedade, principalmente porque a falta de certeza é algo que eu não consigo lidar, e ainda tem a possibilidade de mesmo depois de todo esse processo não conseguir obter o diagnóstico.
Oi Vitória,
ResponderExcluirEu acho que ainda estou passando pelo processo. Primeiro eu desconfiei, tudo o que eu lia a respeito da SA parecia tão "eu", mas ao mesmo tempo eu achava que estava inventando uma desculpa. Fazem uns dois anos que isso começou, antes eu havia feito terapia e participado de terapias alternativas que me ajudaram em parte e me destruíram um pouco também.
Depois de ler alguns livros e pesquisar na internet, eu senti angustia e eu já sou ansiosa normalmente mas com certeza aumentou muito. Comecei a procurar um especialista em autismo para ter certeza do diagnóstico, o Victor Mendonça do Mundo Asperger me disse: "Eu entendo a tua angustia" ele me deu indicações de profissionais, mas eram longe da minha cidade.
Não encontrei na minha região e consegui marcar uma consulta com a Dra. Raquel del Monde, mas a consulta demoraria 3 meses. Eu pensei, vou enlouquecer antes e consegui uma consulta com uma neuropsicóloga especialista em autismo em Florianópolis, depois de um mês ela me deu o laudo.
No começo de fevereiro fui encontrar a Dra. Raquel, que eu acho a melhor especialista do Brasil, e ela me diagnosticou.
Também pensei a mesma coisa que você escreveu, que poderiam dizer que eu não era Asperger e eu cheguei a conclusão que tudo bem, mas eu precisava saber o que eu tinha para poder me trabalhar.
Com o diagnóstico muita coisa muda, a minha ansiedade está melhorando e eu me perdoei de muitas coisas que aconteceram na minha vida, estou entendo porque tenho crises e hoje tenho a possibilidade de explicar isso para as outras pessoas.
Ainda estou no processo. E espero que você consiga logo uma consulta para te liberar dessa angustia e dessa ansiedade, assim você pode colocar o seu foco em outras coisas ou até mesmo no estudo do Asperger.
Olá,
ResponderExcluirMeu psicólogo falou que eu não possuo a síndrome de Asperger, o que me deixou um pouco irritada não pelo fato de que segundo ele eu não faço parte do espectro, mas a pouca importância que ele deu a isso. Tivemos praticamente duas consultas com questionamentos sobre a SA , eu pensei que ele iria realizar testes comigo e com meus pais, que seria uma avaliação minuciosa, o que não ocorreu.
Agora, eu não sei se realmente possuo, a dúvida e a ansiedade continuam, não desisti de procurar um especialista e aprofundar meus conhecimentos sobre a SA (principalmente a sua manifestação sutil nas mulheres), mas sei que isso vai demorar.
Eu sei como é, acho que você deve procurar um especialista. Eu fiz terapia muito tempo e ele nunca me diagnosticou acabei parando a terapia. Ano passado eu pedi para ele se eu poderia ser Asperger e ele disse que Asperger tem um retardo e que é muito difícil tratar essas pessoas e que a minha inteligência está na média.
ResponderExcluirEntão perceba a ignorância deste profissional, para o diagnóstico de Asperger a primeira coisa a ser isenta é algum tipo de retardo mental, podemos ter inteligência na média ou acima da média.
Acredito que a minha inteligência em muitos aspectos é acima da média. Sinto pena de profissionais assim e sinto pena de pessoas que como eu gastam muito dinheiro sem receber um tratamento bom e piorando muito com o passar do tempo.
Então, não desista e procure um especialista, ele deverá conversar com seus pais, eu acho isso primordial e tb fazer os testes.
O médico que eu comento nunca atendeu a minha mãe e ela o procurou diversas vezes, se ele tivesse falado com ela, fazendo as perguntas certas ele saberia um pouco mais sobre mim, infelizmente foram quatro anos e ele nunca se deu a chance de ao menos me conhecer.