Um asperger em intercâmbio - Parte 5
Hoje o dia esta sendo dificil para mim, não estou animada nem para a escola.
A questão das mudanças e da alteração de rotina aqui é complicada, porque você aceita a nova condição só que não há outra para substituir, de repente muda tudo de novo. A gente acaba sentindo muitas emoções e no caso do autista ele não precisa nem sair de casa para senti-las.
Na verdade aqui me comporto como em qualquer outro lugar, não faz muita diferença para mim, mas as pessoas esperam que faça diferença e eu fico pensando: porque? Tenho tentado disfarçar esse meu sentimento, porque só assim que consigo ser aceita, mas me incomoda muito ter que ser assim.
Eu gostaria de estar em casa só para não precisar decidir cada coisa do meu dia, de não precisar me programar para ir até uma praia ou outro lugar, é cansativo demais só de pensar sobre isso. Ainda sem amigos aqui, ainda me sentindo tão sozinha quanto me sinto em santa catarina.
As pessoas são muito diferentes de mim, não sei até quando ainda vale a pena tentar mais alguma coisa. Eu gostaria de ser como elas, rir como elas, ficar dizendo o quanto estou amando fazer o intercâmbio, dizer que amei essa cidade, mas eu não posso fazer isso, porque não seria verdadeiro. Eu jamais faria um intercâmbio assim de novo e agora irá demorar muito tempo para eu viajar novamente, porque sozinha também é algo bem chato de ser feito.
Para algumas coisas realmente tem sido importante: tive muitas percepções de como cada pessoa que eu conheço é comigo e agora já posso tomar algumas decisões se eu quiser, tem sido bom para perceber que o meu autoconhecimento é a coisa mais importante para a minha sobrevivência, que sem isso eu já teria voltado para casa. E que acima de tudo eu preciso me respeitar e fazer as coisas no meu tempo, sem extrapolar meus limites.
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