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Um asperger em intercâmbio - Parte 6

by - setembro 21, 2018

Passando o choque inicial, não só pela cultura diferente, como também pela minha rejeição às mudanças, estou me sentindo melhor.

Ontem fui dar uma volta a noite, pois a cidade vive em festa e as pessoas saem muito, como eu gostaria muito de me encaixar foi por esse caminho que tentei entrar. Mas a minha dificuldade de processamento sensorial me afetou em cheio. Descobri que não posso exagerar, que se eu sair a noite vou assistir a brigas e a essas coisas que acontecem na noite, coisas que me deixam nervosa e sem apoio, principalmente porque estou sozinha.

Tenho medo de entrar em uma crise e fazer algo ruim. Ás vezes, eu penso em algo engraçado e dou risada e se estou olhando fixo para uma pessoa, ela não entende que não estou sorrindo para ela. Essa é uma característica ruim, porque geralmente as pessoas interpretam de outra forma. Quando nós autistas fixamos o olhar em algo ou uma pessoa, nem sempre estamos ali naquele momento, geralmente estamos só pensando e não há nenhuma intenção por trás disso.

Eu descobri que preciso me preservar mais, não sair a noite para ir conhecer os locais porque irei me decepcionar e me sentir mal depois. Parece que é uma liberdade muito grande fazer esse tipo de coisa, foi essa interpretação que me fez sentir uma empolgação inicial, mas agora penso que não é assim que funciona.

Conheci um Maltes que me explicou melhor sobre a cultura deles e sobre a colonização. Eles tem influência de diferentes países como Espanha, França, Itália e foram governados pelos ingleses. Por isso o inglês que ouvimos aqui e o que aprendemos na escola é o inglês britânico. Os árabes vieram para cá em meados de 60 trazer o dinheiro do petróleo e foi permitido que eles construissem uma mesquita e uma escola aqui, mas Malta não tem influência árabe, como eu pensava. Com a entrada de dinheiro Malta conseguiu a independência no dia 21 de setembro de 1964, hoje eles estão comemorando o independence day deles aqui.

Estou lendo o livro Rápido e Devagar: duas formas de pensar, estou gostando muito, está me ajudando a entender melhor as coisas e ter paciência de aprendê-las, perceber que fizemos as coisas porque seguimos um padrão, eu já sabia que eu fazia isso, pois é a minha forma de pensar, mas só pensava na forma do meu trabalho com computadores e o livro esta abrindo minha consciência para um outro nível de percepção. 


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