Um asperger em intercâmbio - Parte 10

by - outubro 12, 2018

Hoje me despeço desses bad days e volto para a minha realidade, chata, doída, solitária, mas minha.

Querem uma opinião sobre intercâmbio em Malta: Não façam isso com vocês e nem com o seu dinheiro. Para autistas sobre intercâmbio em qualquer lugar: Não passem por essa experiência sem ter certeza absoluta do que querem, eu sei que é impossível a gente ter certeza de algo e sei que a maioria dos autistas que inventar algo assim vai fazer exatamente como eu, mas fica aqui para vocês a minha experiência.

Eu sei que tudo é crescimento, que tudo é experiência e todas essas coisas que as pessoas cansam de nos dizer quando a gente reclama de algo, mas realmente eu não sei se compensou, ao mesmo tempo eu só saberia disso se fizesse o intercâmbio então...

Aqui eu sofri muito, foi um verdadeiro revival dos piores momentos da minha vida. Completamente deixada de lado, nunca convidada e sempre sendo lembrada da idade. Aqui eu encontrei pessoas jovens e preconceituosas, pessoas que não se importam com nada a não ser com elas mesmas.

Infelizmente na minha memória não ficará guardado nada de bom, eu realmente não pensei que seria assim, mas foi. Volto mais forte? Eu espero que sim. Fiz todos os passeios sozinha, me perdi e andei km até conseguir voltar para a hospedagem, pensei muitas vezes em entrar no mediterrâneo e nunca mais sair, eu arrisquei e arrisquei de verdade.

Tive muito pouco apoio das pessoas do Brasil, só mesmo uma pessoa, que hoje considero minha amiga, é quem falou comigo de maneira empática e me ajudou a suportar tudo isso. Talvez, eu precisasse passar por isso para entender um pouco mais sobre a vida, entender que aquilo que eu almejo é raro demais para se encontrar nos tempos de hoje.

Volto feliz para a minha casa, para o meu pais. Porém, volto triste com as pessoas que encontrei no caminho, com a quebra da doce ilusão de que "lá fora é melhor". Não é, aqui fora eles nos engolem e a gente nem fica sabendo.

Volto com a mesma força que sempre tive de fazer as minhas coisas e viver a minha vida, agora sem mais a ilusão do pertencimento. Eu pertenço a mim mesma e eu sei o que devo fazer, quais pensamentos devo ter e se eu estiver errada, as consequências são minhas, pois ninguém vai estar ao meu lado.









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